Adoçantes são aditivos alimentares, classificados como alimentos. Diferentes dos medicamentos, os aditivos alimentares não podem: apresentar efeito adverso ou colateral, ser armazenado nem gerar substâncias potencialmente perigosas no organismo, afetar o sistema reprodutivo, nem causar alergias. Dessa forma, podemos afirmar que não existe aditivo alimentar que cause risco à saúde humana, quer seja ele, de origem natural ou artificial.

Os adoçantes são um dos aditivos alimentares mais estudados e avaliados no mundo. Para serem comercializados eles passam por extensas avaliações de segurança. São desenvolvidos robustos dossiês que incluem informações técnicas, especificações de fabricação, função tecnológica (adoçamento), requisitos toxicológicos, além de análises de exposição. Esses dossiês são, então, submetidos ao JECFA, que é o Comitê Conjunto de Especialistas em Aditivos Alimentares da FAO/WHO. Depois de uma extensa e criteriosa avaliação de risco, o JECFA estabelece a IDA de cada adoçante. Além do JECFA, outras autoridades regulatórias, regionais e locais, como EFSA da Europa, FDA dos EUA e ANVISA do Brasil, avaliam e aprovam localmente o seu uso.

E o que é IDA? A IDA é a Ingestão Diária Aceitável, e cada adoçante tem a sua. Definida pelo JECFA como uma estimativa da quantidade do aditivo alimentar baseada no peso corporal do indivíduo, que pode ser ingerido ao longo de toda a vida, sem riscos à saúde. É expressa em mg/kg de peso/dia. O padrão da IDA foi definido há mais de 50 anos, e continua sendo seguro e usado até hoje. Importante destacar que o valor da IDA não é valor máximo de toxicidade, como muitos pensam. A IDA é um valor de segurança. Este cálculo é feito dividindo o maior nível testado em animais em que nenhum efeito adverso foi observado (NOAEL) por um fator de segurança de 100. Esse valor leva em consideração as diferenças entre animais e humanos (x10), além das diferenças entre indivíduos (x10). Como os estudos toxicológicos são realizados em mais de uma geração de pelo menos 2 espécies distintas de animais, somado ao fator de segurança de 100 (10×10), é possível garantir que a IDA cubra com segurança todas as populações, como adultos, idosos, crianças e gestantes.

Cada adoçante também tem uma EDI, que é a ingestão diária estimada, que deve ter um valor abaixo da IDA. A EDI é, geralmente, calculada fazendo um exercício teórico, com o uso de bancos de dados de alimentos locais. Isso requer fazer um levantamento dos tipos das categorias de alimentos, aos quais o adoçante será adicionado, e os níveis máximos de adição usados. Calcula-se quais grupos específicos da população e idades, e suas exposições estimadas, tanto da perspectiva de um consumo médio, quando de um alto consumo. Nestes cálculos pressupõe-se que o aditivo estará presente em todos os alimentos e bebidas no nível máximo permitido. Essa metodologia é bastante conservadora, por superestimar os níveis reais de consumo do adoçante. Depois de aprovados, os adoçantes são colocados em listas positivas de substâncias permitidas em alimentos.

A segurança de cada um dos adoçantes aprovados para consumo, está claramente documentada e bem estabelecida, por meio de extensos testes laboratoriais, experimentos de toxicidade em animais, estudos epidemiológicos, e ensaios clínicos em seres humanos. Além disso, todos os adoçantes atualmente aprovados têm demonstrado não serem genotóxicos, e não há evidências críveis de que o consumo de adoçantes resulte em câncer, ou quaisquer outros sintomas adversos. 

Várias controvérsias têm sido levantadas ao longo dos anos relacionadas a alguns adoçantes individualmente. Todas elas foram descartadas após reavaliação por agências reguladoras e, como consequência, estas as agências, continuam a apoiar a segurança dos adoçantes de baixa caloria no cenário global.

Márcia Terra

Nutricionista graduada pela PUCCAMP, com especialização em nutrição clínica pelo ICHC da Faculdade de Medicina da USP. Pós-Graduada em Administração de Empresas pela FGV, Pós-Graduada em Ciências do Consumo Aplicadas pela ESPM. Chef de Cozinha pelo Atelier Gourmand. Consultora do IFIC – International Food Information Council, da ISA – International Sweeteners Association, membro da AND – Academy of Nutrition and Dietetics (USA), membro da diretoria da SBAN, membro do Conselho Consultivo da ANAD, Consultora para a indústria de alimentos e bebidas nas áreas de comunicação, assuntos regulatórios e científicos com foco em adoçantes.


Determinação da IDA – Ingestão Diária Aceitável (Fonte: Dr. Robert Ashley)

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