Não se engane: não existem receitas mágicas para emagrecer. Ao contrário, a busca pelo ideal do “corpo perfeito” – que inclui o uso de chás emagrecedores, procedimentos estéticos, medicamentos, fórmulas e substâncias ‘milagrosas”, a maioria das vezes sem supervisão de profissionais habilitados – pode causar graves problemas de saúde e até fazer vítimas fatais.

Em fevereiro deste ano (2002), chamou a atenção da opinião pública o caso da enfermeira que, aos 42 anos, morreu de uma hepatite aguda fulminante após tomar chá contendo 50 ervas emagrecedoras, todas juntas numa mesma cápsula. O produto estava proibido pela Anvisa desde 2020. No mesmo mês uma cantora de forró teve morte encefálica causada por meningoencefalite, hipertensão craniana, insuficiência renal aguda e hepatite. Suspeita-se que o fígado e os rins estivessem debilitados por uma mistura de mais de 15 substâncias como anfetaminas, fitoterápicos e barbitúricos, ingeridas com diversos propósitos, entre eles ganhar definição muscular e emagrecer.  

Há pouco também veio a público a história de uma atleta que precisou fazer transplante de fígado por consumir suplementos à base de plantas; e um outro caso semelhante, de um norte-americano que teve de se submeter à mesma cirurgia após diagnóstico de lesão hepática por consumir cápsulas de chá verde.

Estes são apenas alguns casos que ilustram a importância do papel dos profissionais da saúde e formadores de opinião, tanto no sentido de alertar para aos riscos da ingestão de medicamentos, cápsulas e chás sem supervisão, quanto de difundir práticas para o emagrecimento saudável. Vale destacar alguns cuidados importantes:

  • Cuidado com a automedicação. Qualquer medicamento, seja sintético ou à base de fitoterápicos, deve ser prescrito por profissionais habilitados. Esse processo de prescrição de medicamentos leva em conta uma análise individual do paciente, que revela uma série de informações valiosas para que os profissionais optem por uma ou outra medicação. O uso abusivo de substâncias desconhecidas pode provocar insuficiência renal ou hepática;
  • Cuidado com o apelo de “produto natural”. As pessoas têm uma falsa expectativa acerca do apelo de “produto natural” que alguns compostos exibem, e acham que, por serem produtos não sintéticos, não provocarão malefícios à saúde. Mas, não é bem assim. As plantas têm princípios ativos que agem sobre os órgãos humanos e podem apresentar efeitos colaterais. Alguns desses princípios, em altas doses, podem prejudicar mais ainda o funcionado do corpo;
  • Cuidado com os rótulos. Esses suplementos não são supervisionados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) antes de serem comercializados, como é o caso dos medicamentos. Para que os fármacos sejam vendidos, a indústria é obrigada a realizar vários testes, inclusive os de segurança. No caso de suplementos, chá e cápsulas, não se exige essa obrigatoriedade, podendo a empresa adicionar compostos no produto que não são declarados na embalagem;
  • Cuidado com o que você compra. Por mais que essas cápsulas não sejam controladas pela ANVISA, o órgão tem a função de proibir a venda quando mortes como as listadas acima são atreladas a seu consumo. Por isso, em março, foi divulgada uma lista com mais de 140 cápsulas emagrecedoras que foram suspensas no Brasil. Entretanto, mesmo proibidas, algumas delas continuam sendo comercializadas em sites e lojas físicas, porque falta fiscalização.

Para finalizar, o mais importante é entender que emagrecer e ter um corpo considerado bonito não é fácil e requer mudança de hábitos, muito esforço e determinação. Além disso, o processo de emagrecimento requer atenção multiprofissional de médicos, nutricionistas, psicólogos, farmacêuticos, entre outros. Assim, quando ouvir receitas de técnicas mirabolantes, chás emagrecedores ou cápsulas que reduzem a fome e “queimam gordura”, fique atento! Porque, como reza um velho ditado norte-americano, “não existe almoço grátis”.  

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