O câncer é uma doença resultante do crescimento celular atípico, com possibilidade de invasão a outros órgãos. O câncer de mama é a segunda categoria mais comum no Brasil, a principal causa de mortes em mulheres. Qualquer menção à essa doença geralmente causa desconforto, medo e incertezas, principalmente por ser uma região sensível às mulheres, fortemente associada à feminilidade. É importante ressaltar que o câncer de mama pode acometer homens, embora seja um evento raro.

O mês de outubro é o momento em que entidades e organizações de saúde se mobilizam para informar e conscientizar a população sobre os riscos do câncer de mama. Essa doença se manifesta nas pessoas a partir de uma combinação de fatores, ou seja, não há uma causa única. Dentre os principais fatores de risco para o câncer de mama, em mulheres, destacam-se fatores ambientais, reprodutivos/hormonais e os hereditários/genéticos. A inatividade física, excesso de gordura corporal, consumo de bebidas alcóolicas e tabagismo são considerados os principais fatores de risco ambiental para o câncer de mama.

O excesso de gordura corporal pode ser resultado da combinação entre inatividade física e alimentação inadequada. Nesse cenário, os principais hábitos alimentares associados ao sobrepeso e obesidade são:

  • Alto consumo de alimentos com alta densidade energética (muito calóricos);
  • Alto consumo de alimentos com alto teor de gordura, principalmente a saturada e trans;
  • Alto consumo de alimentos ricos em açúcar

Os alimentos com altos teores de gordura de açúcares apresentam alta densidade energética, isso significa que pequenas quantidades fornecem uma quantidade de energia (kcal). São considerados alimentos com alto teor de gordura e gordura saturada aqueles de origem animal, principalmente na sua versão integral. Além disso, óleos vegetais como o óleo de coco apresentam alto teor de gordura saturada. É importante mencionar que não há necessidade de exclusão desses alimentos, mas de ajuste nas quantidades e frequência de consumo. Doces, chocolates, frituras, alimentos processados como snacks, batatas fritas, embutidos cárneos e carnes gordurosas devem ser consumidos eventualmente, não devem ser a base da dieta.

Em contrapartida, o que pode ajudar na manutenção do peso, redução do risco de câncer de mama e outras doenças crônicas, são os hábitos como:

  • Dar preferência aos alimentos in natura;
  • Consumir preferencialmente a versão integral dos cereais e seus produtos;
  • Consumir leguminosas (feijão, soja, lentilha, ervilha, grão de bico);
  • Consumir, preferencialmente, a versão com menor teor de gordura dos produtos lácteos;
  • Consumir pelo menos três porções diárias de frutas;
  • Consumir verduras e legumes variados, de diferentes texturas e cores;
  • Dar preferência ao azeite de oliva como fonte de gordura.

A combinação desses alimentos na dieta é muito vantajosa porque fornece os nutrientes necessários para a manutenção da saúde e também de compostos bioativos. Além disso, alimentos específicos são mencionados e apresentados à população como uma estratégia ou esperança na prevenção de doenças. É preciso atenção e cuidado na interpretação dessas informações, pois está bem claro que nenhum alimento seria capaz de prevenir, reduzir o risco ou mesmo tratar uma doença tão séria e complexa como o câncer.

Os alimentos e o seu contexto de consumo podem ser aliados na manutenção da saúde, redução do risco de doença e recuperação. Por isso, o consumo de hortaliças de cores variadas, cereais, leguminosas, carnes magras, como pescados e aves, é de extrema importância. Esse modelo de alimentação deve ser acessível à todas as classes socioeconômicas, ou seja, a fruta vermelha importada não seria um item obrigatório no “combo” alimentação saudável porque há frutas regionais que apresentam pigmentos semelhantes e com os mesmos efeitos benéficos. Dar preferência aos produtos in natura regionais é uma estratégia para o acesso aos nutrientes e compostos bioativos.

Referências:

BALEMA W, MORTON J, LARSON RA, Li L, VELASQUEZ FC, FOWLKES NW, KRISHNAMURTHY S, DEBEB BG, SEVICK-MURACA E, WOODWARD WA. High-fat diet, but not duration of lactation, increases mammary gland lymphatic vessel function and subsequent growth of inflammatory breast cancer cells. J Mammary Gland Biol Neoplasia. 2023 Oct 6;28(1):21. doi: 10.1007/s10911-023-09548-8. PMID: 37801190; PMCID: PMC10558390. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC10558390/ Acesso em 07 de outubro 2023.

BRASIL. Instituto Nacional de Câncer. Câncer de mama: vamos falar sobre isso? / Instituto Nacional de Câncer. 8. ed. rev. e atual. – Rio de Janeiro: INCA, 2023. Disponível em: https://www.inca.gov.br/publicacoes/cartilhas/cancer-de-mama-vamos-falar-sobre-isso. Acesso em 08 de outubro 2023.

BRASIL. Ministério da Saúde. Outubro Rosa 2023. Disponível em: https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/campanhas/2023/outubro-rosa. Acesso em 08 de outubro de 2023.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia alimentar para a população brasileira /Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – 2. ed., 1. reimpr. – Brasília: Ministério da Saúde, 2014. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_alimentar_populacao_brasileira_2ed.pdf. Acesso em 8 de outubro 2023.

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