Sim. A última revisão da FAO aponta entre eles o fortalecimento do sistema imune, o aumento da longevidade, a melhora da saúde mental e a redução do risco de contração de doenças infecciosas
Há algumas dezenas de anos, estudos indicam associação entre o consumo de frutas e hortaliças e a redução de risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares e obesidade, entre outras. Essa associação não se dá de forma linear ou dependente das doses ingeridas e, embora alguns estudos não a comprovem com exatidão para certas doenças, a recomendação quanto ao consumo de frutas e hortaliças continua a ser considerada positiva para a redução da mortalidade em geral, como reportam estudos mais recentes, de 2019 e 2020.
Frutas e hortaliças são as partes comestíveis de plantas: sementes, flores, botões, folhas, caules, brotos e raízes, sejam elas cultivadas ou silvestres, frescas ou minimamente processadas (não incluindo fontes de amido – os amiláceos –, leguminosas e cereais secos, oleaginosas e especiarias). Elas são ricas, principalmente, em vitamina A, cálcio, ferro, fibra alimentar e folato, contendo ainda compostos bioativos e potássio.
A importância da ingestão de vegetais para a manutenção da saúde ficou mais evidente a partir do século XVI, quando foi observado que a saúde de marinheiros e escravizados que passavam muito tempo no mar, com dietas muito restritivas, apresentava melhora significativa ao aportarem em terras e ilhas onde havia frutas e outros vegetais para consumo. Mas, e quanto às evidências científicas desses benefícios?
Elas aparecem em várias referências recentes. Em 2003 a Organização Mundial da Saúde publicou o documento Diet, nutrition and the prevention of chronic diseases, no qual já se considerava que havia evidência científica convincente para associar o consumo de frutas e hortaliças à redução de risco de obesidade e doenças cardiovasculares (doença coronariana, acidente vascular cerebral e hipertensão). Um estudo de 2013 envolvendo dez países europeus e amostragem com mais de 450 mil participantes mostrou que a ingestão de hortaliças cruas e cozidas foi inversamente associada ao risco de mortalidade por doença cardiovascular, com maior efeito associado ao consumo de vegetais crus. Encontram-se, também, na literatura, associações benéficas relacionando a ingestão de hortaliças cruas e a ocorrência de acidente vascular cerebral isquêmico, bem como o consumo de frutas frescas à ocorrência de acidente vascular hemorrágico. Esse estudo, de 2011, contou com mais de 20 mil participantes e incluiu o acompanhamento deles por 10 anos.
Mais recentemente, em 2018, um trabalho de revisão envolvendo 14 estudos (em que os participantes tiveram acompanhamentos que exploraram a associação entre a ingestão de vegetais e resultados relacionados ao peso), revelou que, na maioria deles, foi apontada relação inversa entre ingestão de hortaliças e aumento de peso, assim como de frutas. Os estudos reforçam, ainda, a ausência de efeitos negativos relacionados ao consumo de vegetais e dos benefícios relacionados à redução de risco de doenças cardiovasculares, acidente vascular cerebral e alguns tipos de câncer. E concluíram que devem ser empreendidos esforços para aumentar a ingestão de vegetais para reduzir risco de aparecimento de doenças crônicas não transmissíveis, mesma preocupação pontuada no documento da FAO.
Neste último ano, no documento Fruit and vegetables – your dietary essentials da FAO (2021) são apresentados, ainda, outros benefícios do consumo desses alimentos: fortalecimento do sistema imune contribuindo para crescimento e desenvolvimento infantil, aumento da longevidade, melhora da saúde mental (redução de risco de depressão e ansiedade), melhora da saúde intestinal e do sistema imune, reduzindo o risco de doenças infecciosas. Segundo a FAO, eles reforçam, também, a redução de risco de alguns tipos de câncer e de desenvolvimento de diabetes e de doenças cardiovasculares. Acesse o documento na íntegra.
Ao definir 2021 como o Ano Internacional das Frutas e Hortaliças, a FAO pretendia aumentar a conscientização, direcionar políticas públicas e compartilhar os benefícios nutricionais e de saúde referentes ao consumo de frutas e hortaliças, considerando sua contribuição para a promoção de dietas e estilos de vida diversificados, equilibrados e saudáveis, bem como evitar a redução da perda e desperdício de frutas e outros vegetais.
Aumentar a conscientização é essencial, uma vez que há um estímulo para elevar o consumo de carnes e fontes proteicas e de lipídios, em detrimento de fontes vegetais, ricas em vitaminas, minerais, fibra alimentar e compostos bioativos.
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