Leia antes a Parte 1 “No Brasil, consumo de frutas e hortaliças melhora, mas ainda está abaixo do ideal”
A diversidade do consumo de frutas do brasileiro pode ser considerada baixa: das 1,16 frutas que consumimos, em média, no dia, escolhemos com maior frequência laranja, banana, maçã, maracujá e açaí (em ordem decrescente). Aparentemente, consumimos mais frutas e sucos de frutas quando comemos fora de casa; além disso, temos uma clara preferência por sucos de frutas e não por frutas inteiras.
“O problema é que os sucos de frutas podem promover o ganho de peso a longo prazo, porque 1 copo de suco contém muito mais do que uma porção da fruta fresca e, muitas vezes, ainda é adicionado de açúcar, enquanto que as frutas inteiras e frescas, in natura, reduzem o ganho de peso a longo prazo porque nos fazem consumir uma quantidade menor de Energia. Além disso, quando deixamos de comer frutas inteiras e frescas e preferimos produtos alimentícios processados, nossa alimentação fica mais rica em açúcares adicionados, lipídios (gorduras) e sal, e mais pobre em água, fibras, vitaminas, minerais e compostos bioativos” diz Selma Sanches Dovichi, do Departamento de Nutrição da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, referindo-se a uma investigação científica sobre o tema.
A variedade de hortaliças usadas pelos brasileiros também não é alta: nossas escolhas giram em torno de tomate, cebola, cenoura, repolho, alface, abóbora, chuchu, pimentão, alho e beterraba. Essas 10 hortaliças correspondem a mais de 80% das adquiridas no Brasil. “Em geral, consumimos apenas um tipo por dia, mas essa quantidade tende a aumentar nas pessoas que comem menos produtos processados e diminuir nos que consomem mais destes últimos. Felizmente, mesmo consumindo em menor quantidade e com pouquíssima variação, preferimos hortaliças cruas, embora elas também frequentem nossos pratos cozidas, como sopa, ou refogadas. As hortaliças apareçam no almoço e no jantar do brasileiro, mas há clara preferência pelo almoço. E a frequência de preparo de hortaliças fritas, empanadas ou à milanesa é pequena, o que é considerado bom porque são preparações que apresentam maior densidade calórica; por outro lado, o uso destes alimentos grelhados, na brasa, assados ou no churrasco é praticamente nulo”, diz a nutricionista, citando artigo recente sobre o tema.
Em conjunto, a alimentação pobre em frutas e hortaliças provoca maior risco de doenças, principalmente as doenças crônicas não transmissíveis, e ganho de peso. O que pode ajudar: consumir frutas ou sucos de frutas no café da manhã; praticar atividade física; planejar as refeições e cozinhar em casa (esta última atitude aumenta a chance de alcançar a recomendação diária de frutas e hortaliças). Além disso, conhecer e valorizar a diversidade de alimentos produzidos no Brasil e desenvolver habilidades culinárias com foco na diversidade alimentar são estratégias muito eficazes para aumentar o consumo e a variedade de frutas e hortaliças na alimentação.
