Pesquisas mostram que 20% dos adolescentes e 8% dos adultos brasileiros não comem nenhum tipo de hortaliça e que os jovens preferem os processados

Para uma pessoa se manter saudável, ela deveria obter de 6% a 7% de sua Energia diária (que nós conhecemos como Calorias) a partir de frutas e hortaliças, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, de acordo com cientistas que analisaram a relação do consumo de frutas com o consumo de processados a partir de dados da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), a média de Energia diária obtida a partir de frutas é um pouco superior a 5%.
Em comparação, produtos alimentícios processados – tais como salgadinhos, macarrão instantâneo, biscoitos recheados, refrigerantes e afins – fornecem, em média, 21% da nossa Energia diária. Não à toa, o ano de 2021 foi declarado pela FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) como o Ano Internacional das Frutas e Vegetais (International Year of Fruits and Vegetables ou IYFV, em inglês).

Mas, afinal, por que esses alimentos nos mantêm saudáveis? Porque são ricos em compostos bioativos, além de água, fibras, vitaminas e minerais. E há evidências de que os compostos bioativos exerçam diferentes ações biológicas que podem estar associadas à promoção da saúde, aumento do bem estar e redução do risco de aparecimento de determinadas doenças crônicas não transmissíveis, tais como as cardiovasculares e a obesidade.

“Os cientistas que trabalharam com dados da POF comprovaram que, quanto maior o consumo de frutas, menor o consumo de produtos alimentícios processados, e vice-versa. As mulheres consomem mais frutas que os homens, quando analisamos o consumo calórico total e como cada grupo de alimentos contribui para a obtenção de Energia.

Quem mora em áreas rurais consome mais frutas inteiras do que quem mora na cidade, onde se dá preferência aos sucos naturais. Quanto maior a renda e a escolaridade de uma pessoa, maior tende a ser seu consumo de frutas. E, curiosamente, pessoas que vivem nas regiões Norte e Sul consomem mais frutas do que quem mora nas regiões Centro-Oeste e Nordeste” resume Selma Sanches Dovichi, professora do Departamento de Nutrição da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, citando o estudo de 2021.

Ela ressalta que a média de 5% já é melhor do que a apurada na POF 2002-2003, que indicou apenas 2,3% de Energia proveniente do consumo de frutas e hortaliças no Brasil. Segundo a nutricionista, para conseguirmos entre 6% e 7% de nossa Energia desses alimentos, devemos consumir aproximadamente 400 g diariamente (das não amiláceas, ou seja, das frutas e hortaliças que não são fontes de amido).

“Em um estudo de 2018, outro grupo de pesquisadores analisou o consumo de hortaliças no Brasil e sua relação com os processados, e constatou que 20% dos adolescentes e 8% dos adultos brasileiros preferem não comer nenhuma hortaliça, mas 35% dos adolescentes e 38% dos adultos consomem esses alimentos cinco ou mais dias da semana. Entretanto, nós, brasileiros, consumimos em média apenas 49,2 g de hortaliças por dia. Tendo em mente os 400 g recomendados pela OMS, perceberemos a que distância estamos do ideal”.

Para Dovichi, devemos incluir mais frutas frescas e inteiras na alimentação, e com maior variedade. “Quanto mais frutas consumirmos, menor será nosso consumo de produtos alimentícios processados. Além disso, é preciso lembrar que a obtenção de nutrientes isolados por meio de medicamentos e suplementos não tem o mesmo efeito protetor do consumo de frutas e hortaliças.”

Veja também a Parte 2 “Variar é preciso

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